'Estou aqui há mais de duas horas', diz trabalhador em parada de ônibus durante greve dos rodoviários em Manaus
15/04/2025
(Foto: Reprodução) Paralisação de 30% da frota do transporte coletivo teve início por volta das 4h desta terça-feira (15) com a reivindicação dos trabalhadores por um reajuste salarial de 12% e a permanência do espaço dedicado aos cobradores nos ônibus. Rodoviários protestam contra a retirada de cobradores e pedem reajuste salarial
Usuários do transporte coletivo reclamam da demora na espera de ônibus após paralisação de 30% do efetivo de rodoviários em Manaus, nesta terça-feira (15). Em entrevista ao g1, um trabalhador afirmou estar 'há mais de duas horas' aguardando a chegada do transporte em uma parada de ônibus no bairro Lírio do Vale, Zona Oeste da cidade.
A greve teve início por volta das 4h com a reivindicação dos trabalhadores por um reajuste salarial de 12% e a permanência do espaço dedicado aos cobradores nos ônibus de algumas empresas.
Ao g1, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que a paralisação está afetando diretamente cerca de 350 mil pessoas, mas não especificou quantas, nem quais linhas de ônibus foram impactadas.
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Trabalhador da área portuária do Centro, Alexandre Cavalcante relatou ao g1 estar há mais de duas horas na parada de ônibus aguardando para ir ao trabalho. Ele afirma que a espera, em dias comuns, não leva mais que 30 minutos.
"Eu cheguei 7h. Estou aqui há mais de duas horas. Geralmente pego o 221, 010 ou 216, o que passar. Ninguém sabe qual é a causa da greve, ninguém sabe o que realmente tá acontecendo. Eu geralmente fico 30 minutos esperando. A gente tem o aplicativo e fica vendo, mas hoje não deu", declarou.
Trabalhador Alexandre Cavalcante conseguiu pegar ônibus após duas horas de espera.
Lucas Macedo/g1 AM
No Terminal 5, localizado no bairro São José Operário, na Zona Leste, passageiros que aguardam desde as primeiras horas da manhã relataram que a demora já é algo recorrente em dias normais e que a situação piorou com a greve.
"Tá com 20 minutos e ali no Grande Vitória é muito complicado porque a gente precisa vir pro Terminal 5 pra ir pro trabalho, e o ônibus demora muito. Quando passa, passa tão lotado que a gente não consegue pegar. Hoje tá muito complicado", disse a auxiliar de serviços gerais, Maria do Araci.
Outra passageira, que não quis se identificar, disse ter ido ao terminal após se atrasar para o trabalho por causa da falta de ônibus dentro dos bairros.
"Cheguei agorinha porque os ônibus não estão entrando nos bairros. Vou chegar atrasada", diz.
Devido a paralisação, o terminal registrou a lotação de passageiros e dificuldade ao embarcar nos poucos ônibus que circulavam nesta manhã. Veja o vídeo abaixo.
Greve de ônibus em Manaus causa transtorno para passageiros em terminal
Paralisação
A paralisação de 50% do efetivo foi confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Manaus ainda na segunda-feira (14), após uma manifestação na Câmara Municipal de Manaus (CMM). No local, estava prevista a realização de uma audiência pública para debater o tema. No entanto, a sessão foi adiada.
"Tentamos entrar em acordo para a permanência dos nossos colegas, que são trabalhadores e precisam do seu trabalho para sustentar suas famílias. E aí tem o nosso reajuste salarial. Os empresários vão lucrar mais com a gente fazendo duas funções e recebendo por uma", relatou Ednilson da Costa, um dos motoristas que aderiu ao movimento grevista.
Após a confirmação da greve, em comunicado, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que obteve uma decisão liminar junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, determinando que 70% da frota deve circular nos horários de pico, das 6h às 9h e das 17h às 20h.
Nos demais horários, a circulação deve ser de, no mínimo, 50% da frota, sob pena de multa de R$ 60 mil por hora em caso de descumprimento.
A Justiça também proibiu qualquer bloqueio nas garagens das empresas ou qualquer ação que impeça o livre funcionamento do serviço público essencial, determinando que eventuais manifestações ocorram a, no mínimo, 150 metros das entradas dos estabelecimentos, sob a mesma penalidade.
Rodoviários fazem greve e paralisam parte da frota de ônibus em Manaus.
Jucélio Paiva/Rede Amazônica